O Bem Viver em relação aos Modelos Biomédico e Biopsicossocial. (Reflexões sobre o Paradigma Holístico)

O conceito de Bem Viver transcende a noção de qualidade de vida tradicional. Propõe uma existência integrada: as relações humanas, com a Natureza e a plenitude do ser. É uma filosofia de vida milenar, presente nas culturas ancestrais, que enfatiza a harmonia e o equilíbrio entre o indivíduo, a coletividade e o ambiente. Essa perspectiva pode ser analisada em contraste e em convergência com os modelos biomédico e biopsicossocial. E também sob a ótica do Paradigma Holístico. Cada uma dessas abordagens contribui ou limita a busca por uma vida plena e saudável.

O Modelo Biomédico
O modelo biomédico é a abordagem tradicional que predomina, ao menos cá entre nós no Ocidente, na medicina ocidental. Ele foca na saúde como ausência de doenças. Considera o corpo humano como uma máquina que pode ser reparada. Trata-se de uma visão fragmentada e reducionista, sendo que aborda os sintomas de maneira isolada, ignorando, inúmeras vezes, os contextos culturais, históricos, sociais e consciênciais do indivíduo.

Eficaz no avanço tecnológico e no tratamento de doenças agudas, entretanto, o modelo biomédico limita-se ao nível físico e não contempla a complexidade da experiência humana, nem a conexão com a natureza ou o coletivo que o Bem Viver demanda.

O Modelo Biopsicossocial
O modelo biopsicossocial surge como uma abordagem mais ampla. Reconhecendo que a saúde é influenciada por fatores biológicos, psicológicos e sociais, considera o ser humano em sua amplitude. Essa é uma perspectiva que integra mente, corpo e ambiente, alinhando-se mais estreitamente com os princípios do Bem Viver, ao reconhecer a interdependência das dimensões da vida.

No entanto, embora mais abrangente, o modelo biopsicossocial ainda pode ser aplicado de modo instrumental, ou seja, maquinalmente, desconsiderando a visão holística de equilíbrio e harmonia, essencial para o Bem Viver.

O Paradigma Holístico
O paradigma holístico transcende ambos os modelos ao propor que o ser humano é parte de um todo maior, onde tudo está interconectado, tenhamos consciência disso ou não. O paradigma holístico enfatiza a relação entre corpo, mente, consciência, sociedade e ambiente, tratando a saúde como um estado de harmonia dinâmica.

Esse paradigma ressoa profundamente com o Bem Viver, pois reconhece que a vida não pode ser reduzida a partes separadas e que o bem-estar individual está intrinsecamente ligado ao bem-estar coletivo e ambiental.

Bem Viver como Síntese
O Bem Viver dialoga com esses modelos, propondo uma síntese que os ultrapassa. Ele incorpora a precisão científica do modelo biomédico, a amplitude do biopsicossocial e a interconexão do paradigma holístico, e, vai além ao posicionar o ser humano como parte de uma teia viva e interdependente.

Saúde e Harmonia:

No Bem Viver, saúde não é apenas a ausência de doenças, mas a presença de equilíbrio: entre o corpo e a mente, o indivíduo e a sociedade, o ser humano e a natureza.

Integralidade:

O paradigma holístico propõe uma visão que integra todos os aspectos da vida, reconhecendo que a separação entre os aspectos físico, emocional, social e consciencial é artificial e limitante.

Sustentabilidade:

O Bem Viver carrega uma dimensão ética, filosófica, política e ecológica, destacando que o cuidado com o planeta é inseparável do cuidado consigo mesmo e com os outros.

Reflexão Final
Unir os insights dos modelos biomédico, biopsicossocial e o paradigma holístico sob a lente do Bem Viver nos convida a repensarmos como nos relacionamos com a saúde, a sociedade e o meio ambiente. Desafiando-nos a construirmos um futuro onde a ciência, a ampliação da consciência e a coletividade caminhem juntas, criando um modo de viver que honre a interconexão de tudo o que existe.

O Bem Viver, assim, torna-se um farol, um guia para um novo paradigma que é mais humanizante, mais integrativo, mais pleno.

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